terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

PEPS não é marca de refrigerante

PEPS é a sigla para Primeiro que Entra, Primeiro que Sai. Tem origem na sigla em inglês FIFO e significa First In, First Out. É um método que faz referência à avaliação dos estoques nas empresas, de acordo com a ordem das entradas. Podemos dizer que se vários itens forem comprados, cada uma destas compras é uma entrada no estoque, não é? Então, na primeira saída do estoque (ou baixa do estoque) deve ser registrado o valor da primeira compra. Afinal, Primeiro que Entra, Primeiro que Sai.

Dessa forma, sai o material que entrou primeiro, ou seja, a empresa tira do estoque o lote mais antigo, cujo preço está baseado no custo da data de entrada no estoque. Quando acabar o lote mais antigo,  passa a se usar o preço do segundo lote mais antigo. Esse método oferece como vantagem manter o valor atualizado dos estoques em relação ao valor da última entrada.

Mas também podemos considerar o PEPS pela ordem cronológica, no sentido da preservação da validade do item no estoque. É com este objetivo, e não o contábil mencionado acima, que algumas legislações sanitárias demandam a implantação do PEPS. Nesse caso, sempre que um item entrar no depósito, a sua data deve ser observada, pois a primeira data que entrou no depósito deve ser a primeira a sair.

Mas não termina por aí! Existe outro método, chamado UEPS, que é a sigla para Último que Entra, Primeiro que Sai. Tem origem na sigla em inglês LIFO e significa Last In, First Out. É um método que também faz referência à avaliação dos estoques nas empresas, só que considera a ordem das últimas entradas. Então, na primeira saída do estoque (ou baixa do estoque) deve ser registrado o valor da ÚLTIMA compra. Afinal, o Último que Entra, é o Primeiro que Sai.
Resumindo: no UEPS, o custo do estoque considera as unidades que entraram no estoque por último. Ele tem a vantagem de registrar os custos dos itens que realmente foram consumidos, oferecendo à empresa a possibilidade de ajustes mais rápidos, tanto na produção quanto nos preços que são cobrados ao consumidor. No entanto, ele não é apropriado para certos segmentos de atuação, tais como os estabelecimentos que atuam com alimentos ou outros bens perecíveis, por exemplo. Ele ainda causa a supervalorização dos preços dos itens e, por isso, ao final do exercício contábil, gera um crédito positivo destes itens. Por causa disso, a legislação fiscal brasileira não permite a sua utilização, até porque reduz o resultado tributável.

Analisando o UEPS pela ordem cronológica, no sentido da preservação da validade do item no estoque, não encontramos menção sobre este método nas legislações sanitárias. Nesse caso, sempre que um item entrar no depósito, a sua data deve ser observada, pois a última data que entrou no depósito deve ser a primeira a sair. Mas quando a empresa deve fazer uso desse conceito? Imagine uma empresa no Sul do Brasil que distribui para pequenas cidades da Amazônia certos produtos com validade de 6 meses. Imaginou? Pois é, esta empresa deve enviar os produtos que mais recentemente entraram em seus estoques, pois como percorrerão um longo percurso até chegarem ao seu destino final, correm o risco de ficar menos tempo em validade nas prateleiras dos clientes desta região (se forem enviados os lotes mais antigos). Sendo assim, ela pode comercializar no Sul os itens com validade mais antiga, cumprindo o PEPS, e aplicar o UEPS para os produtos que seguirão mais longe. Este é só um exemplo, você poderá encontrar outras situações.

Algumas legislações sanitárias exigem o uso do PEPS, mas no sentido de PVPS (Primeiro que Vence, Primeiro que Sai), sendo assim passa a ser Primeiro que Expira, Primeiro que Sai. Isso ocorre porque nem sempre as empresas fornecedoras expedem os primeiros lotes fabricados, então a empresa compradora pode receber em seu estoque lotes mais antigos depois de receber lotes mais novos. Na teoria, isso não deveria acontecer, mas  acontece muito, então as empresas precisam ficar atentas para acompanhar o recebimento e armazenamento dos seus itens, de forma a retirar (dar saída) naqueles lotes mais antigos.

Figura: www.morguefile.com
 
Luciana Bazante é administradora, professora, coordenadora de gestão da qualidade e especialista.

 

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